A Quercus simulou o valor da factura de electricidade para as potências 6,9 kVA e 3,45 kVA (as mais comuns no sector doméstico) e considerando um consumo anual de 3333 kWh/ano (consumo médio das 225 famílias participantes do projecto EcoFamílias em 2007[1]). Nas simulações com bi-horário considerou-se 60% do consumo em horário cheio (dia) e 40% em horário vazio (noite), situação mais frequente das famílias com este tipo de contador.
No caso de uma família com uma potência contratada de 6,9 kVA e assumindo um valor médio de consumo de electricidade anual de aproximadamente 3,3 mil kWh, em 2009 pagaria 558 Euros e em 2010 passa a pagar 575 Euros, o que corresponde a um aumento de 3,1%. Se a mesma família tiver contador bi-horário, e para o mesmo consumo em 2009 e 2010, a factura anual passa de 533 euros para 520 euros, o que corresponde a uma poupança de 2,4%.
No caso de uma família com uma potência contratada de 3,45 kVA e assumindo o mesmo valor médio de consumo de electricidade anual, em 2009 pagaria 495 Euros e em 2010 passa a pagar 516 Euros, o que corresponde a um aumento de 4,2%. Se a mesma família tiver contador bi-horário, e para o mesmo consumo em 2009 e 2010, a factura anual passa de 449 euros para 460 euros, o que representa igualmente um aumento da factura, mas aqui de 2,4%.
Para qualquer uma destas potências contratadas, se a família aderir ao contador bi-horário em 2010, reduz a sua factura de electricidade em 7%, o que corresponde a uma poupança entre 35 e 38 Euros por ano.
É necessária maior promoção do contador Bi-horário e adequação da potência contratada às necessidades reais
A adesão ao contador bi-horário pode significar uma poupança efectiva na factura de energia eléctrica dos portugueses e, embora não tenha ganhos ambientais directos, tem ganhos indirectos que não podem ser desprezados. No entanto, com esta mudança, o objectivo é melhorar a gestão da procura e não aumentar o consumo de electricidade.
Durante a noite há sempre produção de energia eléctrica quer por fonte renovável (eólica), quer por centrais termo-eléctricas que não interrompem o funcionamento. Muitas vezes, esta energia é desperdiçada por não haver consumo suficiente durante a noite. A transferência de consumos no sector doméstico para o período nocturno promove uma melhor gestão da energia produzida.
Verifica-se que a maior parte das famílias tem uma potência contratada superior à necessária, sendo que o fornecimento de electricidade, do ponto de vista da oferta e da segurança de abastecimento, é ponderado de acordo com a soma dos valores contratualizados. Uma família que contrate uma potência instalada superior ao necessário pode ter um gasto adicional de 60 Euros/ano (cálculo entre uma potência contratada de 3,45 e 6,9 kVA), sem qualquer benefício. Há vários valores de potências passíveis de serem contratualizadas abaixo de 6,9 kVA.
As empresas distribuidoras de energia eléctrica devem apostar na formação dos colaboradores que apoiam os consumidores na escolha da potência contratada, para que esta seja efectivamente adequada às necessidades e à capacidade de gestão do consumo de electricidade em casa, bem como ao tipo de contador.
Lisboa, 4 de Fevereiro de 2010
A Direcção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
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