Um grupo de empresários, economistas e engenheiros - alguns deles defensores de uma opção nuclear em Portugal – apresentaram a 7 de Abril de 2010 um manifesto que visa uma nova política energética e que se assume contra a opção das renováveis.
Os signatários deste manifesto, que consideram essencial «que as empresas disponham de energia a preços internacionalmente competitivos», sublinham que a actual política energética seguida pelo governo de José Sócrates «tem vindo a ser dominada por decisões que se traduzem pela promoção sistemática de formas de energia 'politicamente correctas', como a eólica e a fotovoltaica».
Estas formas de produção de energia, frisam os mesmos signatários, «apenas sobrevivem graças a imposições de carácter administrativo que garantem a venda de toda a produção à rede eléctrica a preços injustificadamente elevados», sendo «os consumidores a suportar os sobrecustos».
«Os efeitos da actual política energética [...] são particularmente graves, pois perdurarão negativamente mesmo que sejam eliminados os outros factores de atraso económico e condicionará qualquer possibilidade de atracção de investimento, seja ele nacional ou estrangeiro», adiantam ainda.
A apresentar o documento estarão Francisco Van Zeller, Luís Mira Amaral, Clemente Pedro Nunes e José Luís Pinto de Sá.
Francisco Van Zeller e Mira Amaral têm defendido que Portugal deve considerar a hipótese de entrar num projecto de energia nuclear em parceria com Espanha, que já centrais nucleares.
Também o professor catedrático do Instituto Superior Técnico (IST) Clemente Pedro Nunes é um defensor da energia nuclear, tendo defendido essa opção em conferências sobre o tema.
Para Clemente Pedro Nunes a «no leque das oportunidades de diversificação competitiva futura incluem-se a biomassa, a hidroeléctrica, a eólica, e sobretudo o nuclear».
Já o engenheiro e também professor do IST José Luís Pinto de Sá defende num texto publicado no site do Instituto Francisco Sá Carneiro que é «evidente a necessidade de Portugal considerar seriamente a opção nuclear como estratégia energética e económica, dada a sua controlabilidade, não emissão de CO2 e baixo custo da energia gerada».
Para o professor, «não se trata, porém, e no imediato, de considerar a compra de uma central nuclear, com a mesma irresponsabilidade e ausência de planeamento com que foi feita a importação de equipamentos de energias renováveis, mas sim e apenas de iniciar a preparação de uma possível futura opção nesse sentido».
Além das quatro individualidades que vão apresentar o manifesto, o documento é ainda assinado por nomes como Pedro Sampaio Nunes - consultor do empresário Patrick Monteiro de Barros no projecto da construção de uma central nuclear em Portugal - e Augusto Barroso, o presidente da Sociedade Portuguesa de Física e investigador na área da Física das Partículas e Altas Energias.
Os mentores da iniciativa garantem que o manifesto não visa discutir a opção do nuclear, mas sim repensar a estratégia das renováveis.
O documento foi já criticado pelo secretário de Estado da Energia, Carlos Zorrinho, considerando que ele configura um «regresso ao passado».
Lusa / SOL
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